quinta-feira, 9 de julho de 2009

Um panorama.

A cidade, com sua cor, seus cheiros, o trânsito louco, pessoas medíocres a soltas, pensamentos cruéis por todos os lugares, a poluição, a pressa, as obrigações, dinheiro, dinheiro, dinheiro. Ninguém percebe? Voltamos à idade das pedras, é tudo concreto, cimento e asfalto. Porque gostamos tanto de BH, eu não sei explicar, mas viver aqui mantém a sensação de realidade. Essa bagunça toda, todo esse caos, e tanta vida em meio a isso tudo. Todo esse mar de Pedras. A sujeira por todos os lados, a corrupção, a desonestidade, a irritação as pessoas, a pobreza. Não acho nada disso bom, nem bonito, mas e se tudo fosse perfeito, o que diferenciaria as pessoas?

Estou falando disso:

“Confúcio viajava com seus discípulos quando soube que, numa aldeia, vivia um menino muito inteligente. Confúcio foi até lá conversar com ele e, brincando, perguntou:
-Que tal se você me ajudasse a acabar com as desigualdades?
-“ Por que acabar com as desigualdades?”, disse o menino. “Se achatarmos as montanhas, os pássaros não terão mais abrigo. Se acabarmos com a profundidade dos rios e dos mares, todos os peixes morrerão. Se o chefe da aldeia tiver a mesma autoridade que o louco, ninguém se entenderá direito.”

Não somos tão iguais assim como as pessoas insistem em acreditar, e essas diferenças é que faz o ser humano algo belo. Além disso, todos os dias quando acordo penso em fazer algo para melhorar, melhorar a mim e ao mundo. Se tudo fosse tão ajustado, nos acomodaríamos, não teríamos pelo o que lutar. E sem luta, não há vitória. Poderia ser a vida motivo de glória, sem que fossêmos vitoriosos dia-a-dia devido ao esforço individual? Deixo meus pensamentos aqui como formar de reflexão, ninguém precisa concordar comigo.
Quanto à viagem, pouco a pouco, houve uma mobilização em massa pela minha causa. Ficarei bem, e soube disso desde o início. Agora é tudo mais concreto, a viagem foi marcada, e logo, no dia 14 estarei partindo; de encontro ao meu destino. Minha emoção é grande embora não esteja ansiosa. Tudo até aqui foi excitante, correr atrás da grana, mobilizar o pessoal, o apoio e o incentivo. Mas quando paro pra pensar no objetivo da viagem tudo se transforma, os dias bons que não param de existir ficam um pouco de lado, queria eu estar indo atoa, a passeio. Entretanto, os motivos que vão me fazer atravessar o país não são felizes. E eu estou amargando todo o sofrimento por trás dessa viagem. Pouco antes de falecer meu pai me escreveu uma carta de pelotas dizendo que iria mandar uma passagem para que nas férias eu e meu irmão pudéssemos ir visitá-lo, disse que passearíamos pela sombra das árvores ao longo do Balneário, disse que iríamos rezar na igreja ‘cabeluda’. Mas essas férias nunca chegaram, e agora eu estou indo passear sozinha pela sombra dessas árvores, e rezarei em silêncio por ele. Interessante ir rever os irmãos, interessante fugir daqui, descansar de tudo. Terei muito tempo para refletir. Mas que tempo esse, parece nunca findar, pois jamais parei de pensar. Mas todas essas outras coisas, os lugares bonitos perdem um pouco de sua cor, de que adianta ir aos lugares mais belos, mais distantes, sozinho? De que adianta se você não pode compartilhar com alguém com quem você se importa? Sinto-me sozinha agora. Queria muito que essas fossem as tais férias com meu pai. Sem arrependimentos. Espero deixar toda a amargura por lá, e voltar mais leve, e mais feliz. Acho que nunca fui tão sincera na vida, mas mentir aqui, não modifica em nada a realidade. E sem sentimento, esse relato nunca poderia ter vida, então decidi aqui, aceitar minha condição de humana, aqui estão expostas minhas feridas abertas. Ninguém poderia me ferir mais que isso. Amanhã ele faria 88 anos.

Um comentário:

  1. Nossa ficou bem profundo e tocante mesmo bia!
    Te desejo toda a sorte e que ocorra tudo bem nessa viagem. E sei lá, já te disse, ás vezes ficar sozinho é bom e pra você refletir e matar seus fantasmas.

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