domingo, 13 de setembro de 2009

Um breve 'ai' de mim.

Sufocada, procurando sem cessar um sentido que as coisas não tem.
há um tempo acreditei que o sentido de tudo era atribuído por nós mesmos. Mas meus sentidos agora parecem muito fugazes, as amarras que os prenderam a mim parecem se soltar. Tudo foge de mim, tudo me escapa por entre os dedos, aos meus olhos, algo está errado, e está errado desde sempre, mas eu nunca soube o quê pra poder concertar. Quero pensamentos claros pra conseguir me tratar. Quero menos tudo na minha vida, e menos 23 anos de idade que eu nem tenho. Saio por aí agindo como uma velha, responsável e madura,mas eu não sou totalmente assim. Estou me escondendo atrás de mim mesma e durante um tempo funcionou, agora essa parte de mim grita por liberdade, desejo me mostrar ao mundo, mas já não sei mais quem sou. E tenho ums vaga lembrança do que eu planejei ser. Me pergunto agora, como sempre me perguntei, em que parte da jornada me perdi?

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A viagem acabou, os pensamentos não.

Hoje sentei-me e me pus a relembrar o passado. Vi as fotos de quando éramos pequenos e senti uma lágrima brotar no canto do meu olho. Vontade imensa de chorar, pensei por toda a tarde a respeito do que nos tornamos. Isso significa que damos significado a palavra sofrimento. Quando éramos pequenos, ela não existia, não estava presente, o significado dela era algo tão distante que não precisava de um nome a ser inferido. Hoje nós a dissipamos todos os dias, todo o tempo. Nós precisamos inventar mais outras mil palavras para dar nome a sentimentos negativos. Era tão fácil. Agora todos os dias somos engolidos por situações que não controlamos e pela vida que vai seguindo sem nos perguntar pra onde queremos ir. Nos iludimos acreditanto sempre que temos o poder e controle para decidir pra onde caminhar, entretanto, quando menos se espera, levamos uma rasteira e somos novamente conduzidos a exatamente aonde deveríamos estar. O que podemos controlar então se não a vontade? O querer? Ficar bem? Independente de onde nós iremos parar. É sempre bom pensar naquilo que éramos, na pureza que um dia nós experimentamos, na felicidade que um dia sentimos, que era ingênua, mas verdadeira.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O meu hoje.

Sentimento de impotência frente ao que viverei agora, não importa o quanto você esteja disposto a não brigar com o mundo, se existe um mundo inteiro disposto a brigar com você. É uma pena que o sentimento de realização trago por essa viagem de auto-descobrimento tenha sido ofuscada por acontecimentos posteriores. Ainda me sinto imensamente feliz por tê-la vivenciado, e ninguém poderia tirar isso de mim. Não importa o que vem em seguida, carrego comigo um sentimento de verdadeira felicidade e paz, a sensação de dever cumprido sempre, porque eu sempre dou o meu melhor.

sábado, 1 de agosto de 2009

O fim e a história inteira em síntese.

Meu nome é BNB, sou estudante de geografia e sonhadora. Fui ao Rio Grande do Sul, pode-se dizer a procura de uma parte que não tinha. Sou fruto do quarto casamento do meu pai, a décima e que se tem notícia última filha que ele teve. Estou nesse roteiro desde terça-feira, dia 14/07/09. Começo a escrever de Belo Horizonte. A verdade é que de todos os dez filhos restou um contato fragmentado, entre eu e meu irmão que vive aqui em BH e três que moram em Pirapora, paralelo a isso, no sul, três irmãos também de mesma mãe mantiveram contato. Meu pai natural de Santa Vitória do Palmar é falecido há quase cinco anos. Foi enterrado em sua terra natal e eu morando tão longe não pude comparecer ao seu enterro e nunca tive a oportunidade de visitar seu túmulo. Desde sua morte, perdi o pouco contato que existia entre mim e meus irmãos do sul. Sem nunca perder a curiosidade ou a vontade de realmente conhecê-los. Embora durante esse tempo, sentir falta do meu pai foi o que mais me marcou. Eu vim ao Rio Grande do Sul duas vezes, com dois e com onze anos, em ambas eu era muito nova para lembrar de algo significativo, mas os detalhes permaneceram todos em minha mente, e feita essa viagem relembrei-me de muito do que eu pensei um dia que fosse apenas sonho. Passei esses últimos cinco anos limitada como ser humano e como pessoa, abarrotada de questões das quais não havia resposta. Pensei muito no último desejo do meu pai, de como ele queria que a família permanecesse unida, de um modo como nunca foi, mesmo com ele em vida, limitada pela distância. No início desse ano comecei o curso de Geografia aqui em minha cidade, e por necessidade durante esse tempo comecei a vender bombons, no fim do semestre eu cansada havia conseguido acumular uma quantia significativa. Decidi instantaneamente investir esse dinheiro em algo que eu pudesse levar pro resto da vida. Decidi ir até a Santa Vitória visitar o túmulo do meu pai. Sempre soube que essa visita era necessária para que eu pudesse seguir com a vida. Munida de cadernetas onde meu pai anotava o telefone e endereço das pessoas eu passei os últimos três anos tentando fazer algum contato com meus irmãos do sul, mas em vão, visto que os telefones eram muito antigos. Me restando os endereços eu resolvi aparecer de supetão nas respectivas casas e tentar achá-los. Mas antes que eu precisasse simplesmente aparecer, eu numa tarde qualquer, num impulso peguei novamente as cadernetas, o telefone e tentei ligar para todos os números das pessoas que sabia que eram da família. Por milagre, acaso, ou qualquer coisa que seja eu consegui falar com um tio meu recluso em uma cidade fria deste país. Nunca pensei que isso de fato pudesse acontecer então não me preocupei com o que eu diria caso conseguisse completar alguma ligação. De imediato, tomada pela emoção gaguejei meu nome e o nome do meu pai. Ele de certo não ficou muito feliz ao falar comigo, pois tudo que fez foi exigir que eu provasse ser filha do meu pai. Não me importei muito com isso, não provei e ficou tudo por isso mesmo. Essa ligação foi suficiente para que uma esperança me tomasse por dentro, pois alguém mais poderia atender. Digitei no telefone o número da L.M., e alguns pulsos depois, veio ao telefone uma voz doce. Ao contrário desse meu tio, ela já me conhecia de anos atrás e foi muito receptiva ao telefone. Não demorou pra que me convidasse para ficar em sua casa durante minha estadia. Eu nem pretendia passar por Pelotas que é onde ela mora, mas resolvi alterar minha rota pois essa, além de ver o túmulo do meu pai seria uma parte muito importante da viagem, a retomada dos laços que nos fazem ser irmãs.

Logo, em minha frente estava uma viajem longa e emocional. De objetivo triste acabou sendo uma viajem muito positiva. Mas mesmo tendo juntado dinheiro, a minha quantia não era nem de longe o necessário pra que eu pudesse realizar essa viagem, mas com o objetivo em mente, recorri aos velhos e bons e a todas as pessoas mais que eu conhecia. Abandonei toda minha vergonha, meu pudor e meu orgulho e pedi ajuda. Sempre com o objetivo em mente, rapidamente todos abraçaram a causa e eu obtive uma grande ajuda. Ganhei até mesmo as passagens. Enfim, não foi tão vergonhoso assim admitir minhas limitações financeiras em prol de uma causa tão nobre. A princípio eu só iria visitar um túmulo e quando vi eu tive a oportunidade de reatar laços. De construir algo, de voltar com uma outra parte da família. E foi extremamente positiva essa arrecadação, pude ver na parte prática com quem eu posso contar, e não se trata de dinheiro, se trata do apoio e do incentivo que eu recebi de todas essas pessoas. E eu sempre vou lembrar-me disso, estas me ajudaram a construir uma parte da minha história. Foram cerca de quinze dias de intensa mobilização. E não demorou pra que eu tivesse muito mais que o necessário. Surpreendi-me muito com a capacidade das pessoas de se mexer. De longe esse é um dos ápices de minha vida.

Enfim, a viagem finalmente havia sido marcada, em menos de dias eu estaria embarcando rumo à história que eu deveria viver. Um grande e memorável momento da minha vida. Agora que a viagem estava em iminência, admito que me bateu uma grande tristeza por estar indo. Passei chorosa os últimos dias, emocionada por essa oportunidade, sensibilizada por rever meus irmãos e imensamente triste e desencorajada por visitar o tumulo do meu pai. Senti como se eu estivesse indo visitá-lo. Receio não ser possível ver sua forma física. Como eu havia dito, sempre soube que essa viagem seria muito feliz embora o motivo principal não o fosse. Quando se trata disso, admito que não sou tão corajosa como tenho aparentado ser. Vivo desconsolada com a falta que meu pai faz. Terei que conviver com tal fato seguindo sempre incompleta.

Por tudo, por todo meu cansaço eu não senti em momento algum ansiedade. Dessa vez o melhor não seria a espera pela festa, mas a festa em si. Me senti forte ao deixar minha família no aeroporto, pela primeira vez não derramei uma lágrima, me dei conta hoje, já não havia mais pelo que chorar. Apesar de já ter andado de avião antes, pra mim foi como se eu o fizesse pela primeira vez. A sensação ao decolar e pousar é extremamente agressiva, e se perde muito da paisagem e do que pode ser visto em terra. Não preguei os olhos na janela todo o tempo, me entreti com um livro que minha mãe me deu. Mas quando olhava para a janela via paisagens que pareciam ter saído do Google Earth. A todo momento se tinha um tapete de nuvens, e o sol nos acompanhando como se estivéssemos realmente a caminho do paraíso.

O Avião pousou em Porto Alegre e meu coração se encheu de um sentimento positivo, estava extremamente contente de ter começado a minha jornada. Em POA, ficou combinado que eu ficaria na casa de um amigo de um grande amigo meu. Quando cheguei, fiquei um tempo sozinha no aeroporto, se via que o L. não era um cara pontual, mas por toda minha inquietação eu não me importei de esperar. Fomos para a casa dele e notifiquei com alegria a minha família que ele não era um estuprador. Na manhã seguinte saímos por POA, conheci praças lindas, vi esculturas maravilhosas e me familiarizei um pouco com a cidade e com sua beleza. Não demoramos no passeio e fomos até a casa da minha Tia. Queria poder ter ligado antes, mas para minha supresa eu fui extremamente bem recebida por ela. Em minha mente não havia tão boas lembranças de quando eu vim e era criança. Não soube bem se ela me reconheceu no momento em que me viu, mas assim que se lembrou de meu pai, veio a ela uma felicidade enorme, foi como se ela estivesse olhando pra ele, ela me acariciou a face, e me disse que eu era como ele, e em seguida fez questão de que eu a chamasse de tia. Nesse momento todas as más lembranças se foram, eu perdoei o que nem existia para que fosse perdoado e me deu vontade de ficar perto dela. Uma coisa que eu adoro, é observar como a natureza sempre da um jeito de nos limitar a condição de humanos. Assim, podemos agir mediocremente por toda uma vida, mas assim como na infância existem limitações, a velhice acaba com as nossas condições de ter capricho ou de sermos geniosos. Penso eu que chegar até aqui, com 92 anos não é fácil e por isso as energias devem ser voltadas para suprir a existência. Embora quisesse ficar mais, Porto Alegre definitivamente não é uma cidade onde estar sozinho é bom. A cidade inspira romance, e o frio faz com que seja necessário ter alguém do lado. Eu não cheguei até lá sozinha e caminhar por aquelas ruas sozinhas me dava uma tristeza imensa. Eu fui pra Pelotas no mesmo dia, senti muito frio em POA e pensei que ficaria mais quentinha com minhas irmãs. Aconchegada dentro do ônibus a todo o momento me vinha uma felicidade enorme. Sabia que todos os meus dias seriam importantes a partir dali. Quando cheguei à rodoviária de Pelotas me surpreendi ao reconhecer minhas irmãs. Estavam mais velhas, mas igual ao que eu me lembrava. E nessa data pude conhecer meu sobrinho, um excelente homem e um ótimo filho. Foi fácil eu acolher essas pessoas em meu coração e em pouco tempo eu me apaixonei por eles e por Pelotas. Sabia que difícil iria ser sair dali e não permanecer. Foram dias muito bons, vivemos duas semanas numa espécie de rotina, mas era muito agradável, apesar do frio que me cortava, me limitava, e me causava um desespero profundo, era ótimo sair todos os dias sem rumo caminhando por todos os lados. No final, passando esses dias por minha conta, aprendi muito sobre mim e sobre as pessoas. Posso dizer que enfrentei meus maiores medos e me superei em todas as minhas limitações, lá eu aprendi a ser sociável como nunca fui, e fiz amigos quase que instantaneamente, me apaixonei pela hospitalidade das pessoas e com a educação. É fácil fazer amigos em um ambiente desse, em que as pessoas todas parecem reais. E não máquinas como se vê em outros lugares inclusive aqui em BH. Estabeleci uma ligação com minhas irmãs G. e L.M. praticamente assim que as vi, foi extremamente bom tê-las por perto. Em Pelotas todos os dias eu sai pra caminhar. E essas foram caminhadas esclarecedoras, aprendi sobre a vida caminhando. E em Pelotas, tive a oportunidade de conhecer também minha outra irmã A., e a filha dela, minha sobrinha L., meu pai havia escrito uma poesia pra L., expressando toda sua paixão pela menina, e assim que a conheci eu pude compreender o porque de ele ser tão apaixonado por ela, um doce de menina, deve ter sido muito boa a sensação de ser avô de uma criatura tão linda. E vi na A. alguns traços que carrego comigo, e aí eu pude ver que não importa a distância, o sangue é mais forte. Pelotas foi como a realização de um sonho, um sonho nunca antes pensado. Cresci nesses dias como se eu tivesse passado anos por lá, incrível pensar que foram só alguns dias. Meu próximo destino era Santa Vitoria meu tempo já estava curto e eu só pude dar uma passada rápida, mas essa passagem foi de grande valia, pude experimentar novamente a hospitalidade sulista na casa do meu irmão A., este, é um homem muito bonito e feito, e quanto ao seu jeito, é um jeitão que me lembra muito meu pai. Conhecê-lo, falar com ele, ficar ao lado dele foi o mais difícil pra mim nessa viagem, a todo o tempo eu estive intimidada por sua presença, mas ao final parecia a mim que ele era inofensivo. A M., sua esposa foi comigo ao cemitério onde eu finalmente cumpri com o objetivo da viagem, difícil pra eu imaginar que atravessei o país para ver um bloco de concreto. O cemitério, tudo era completamente diferente de tudo que imaginei um dia, para mim eu encontraria um cemitério coberto por um gramado verde, e a lapide do meu pai se encontraria em um canto perto de uma arvore, mas nesse cemitério definitivamente a morte repousava, visto a frieza de tanto cimento e nenhuma grama. Eu não contive minhas lágrimas ao entrar lá, mas saí de lá aliviada por ter chegado até ali. Foi como se meus ombros desabassem, tudo descansaria em paz ali, e ao sair de lá, eu finalmente pude enterrar meu pai. No dia seguinte embarquei pra Porto Alegre onde em um dia praticamente eu pegaria o avião de volta. A maior parte do trajeto era uma reta sem fim, fiquei apaixonada pela vista, era um planalto contínuo, verdejante, inundada de bichos! Imediatamente fiquei tentada a morar numa casinha de sapê, cheia de vaquinhas e ovelhas. Chegando em Porto Alegre o sonho do campo acabou, estava de volta aquela cidade linda e agitada. Mas ao contrário da cidade, e da sensação que ela proporcionava, em mim reinava paz. Eu estava orgulhosa de ter chegado a onde fui, de ter segurado minha onda todo esse tempo, de ter sido corajosa apesar de não me sentir corajosa. Fiquei em paz por conhecer mais sobre mim e por voltar pra casa deixando lá, família. Foi bom ter respondido aos meus inúmeros questionamentos, e perdoado todos os meus rancores. Voltei sem angustias contente que voltaria logo pra casa. Quando voltei finalmente percebi o verdadeiro estado de debilidade de minha Tia, foi aí que percebi que durante os dias o estado mental dela variava de lúcida a não-lúcida. Mas isso não importava, a presença dela foi algo extremamente agradável pra mim, receber seu carinho era reconfortante e as lembranças que eu carreguei ao longo da vida foram todas deletadas. Nessa oportunidade também conheci a T. M., minha prima, com fama de ser uma mulher de personalidade forte, me recebeu extremamente bem também. Foi ótimo viver todos esses dias no sul. Esses dias supriram carências de anos, conquistei ali uma vida. Embarquei no avião extremamente realizada. Voltar pra casa nunca me pareceu tão bom. Agora eu estou livre pra continuar a vida, livre do passado, e com um novo futuro a frente.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

My elephants!

Mas eu sou muito fofa! Olha que graciiinha!

domingo, 26 de julho de 2009

Domingueira!

Dormir até as 14h, acordar com os pés cansados da farra da noite anterior! Já não me lembrava como era isso, é, algumas coisas sobre mim que eu sempre soube eu tive que descobrir de novo aqui, eu adoro dançar! Mas também amo dormir. Não dormir me rendeu uma cara bem redonda pra hoje. sahusahuasuhsauhas Ta valendo apena, acordei com beijinho das irmãs e almocei um café da manhã cheio de coisas sulistas! Alguém ai ja ouviu falar em gazeta? Eu acho que é esse o nome do pão/biscoito que comi! Mas então, amanhã Santa Vitória me aguarda! O Objetivo é chegar lá cedo e ir embora o mais rápido o possível, não estou muito animada a congelar! Os dias têm sido muito bons. Apesar do frio é tudo lindíssimo aqui. Há e finalmente achei um pecado no povo pelotense, como a criminalidade subiu, agora eles são neurados com as horas. Aqui nã0 se pode perguntar as horas, porque isso é coisa de bandido, afinal quando você pergunta as horas pra alguem você só quer ver o relógio ou o celular da pessoa pra em seguida roubá-lo. Me irrita, mas paciência, pena que o meu relógio parou de funcionar, eu acho que foi muita umidade pra ele.

sábado, 25 de julho de 2009

Vamos a praia.

Eu vou pra praia, sabadão, friosinho, cinco blusas, três calças e bota. dois cachecóis e uma porção de coragem. Sentarei naquela areia sujinha e vou passar o dia descansando. Sem sombra por favor, sem agua fresca. Estou tremendamente otimista, ainda não peguei gripe suina! husahausashus

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Sexta!

Ontem vim pra casa da minha irmã dormir quentinha com ela e com minha sobrinha, comemos uma bela duma pizza, e chocolate! Tomei um banho a noite pra nunca mais, que frio! Quase congelei de vez! Mas depois, ficar limpa e quentinha em frente da estufa foi ótimo, to acompanhando a novela das indias aqui. E me entretendo bastante com bisquit. Ta frio demais pra que eu consiga raciocinar, por isso não tenho escrito muito, mas as coisas continuam acontecendo! Agora estou rumo a Santa Vitória, não sei bem que dia vou, mas quero ir logo e fazer visita curta. Lá vai estar mais frio do que eu posso suportar! E hoje é sexta, preciso arrumar logo alguma coisa pra fazer! :)

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Vim pra pelotas, e ao invés de levar um doce, vou levar uma tatuagem. Fui ao studio do Marcelo Baldez aqui, e fiz um par de elefantes. Ele perguntou porque, eu disse: ' porque os elefantes vivem em manadas, estão sempre em família'
Fui ao laranjal ontem. Lugar lindo! :)

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Estava enganada também a respeito da marginalidade, o que assusta aqui é como o crack se popularizou rapidamente, e como a criminalidade cresceu em proporção! Não que eu não tivesse reparado na quantidade de mendigos e pessoas estranhas mal encaradas daqui, mas parece que desde que escrevi que era só não dar bobeira eu atrai um monte destes. Seres estranhos, parecem que vieram de outro mundo. Hoje fui passear com minha sobrinha, guriazinha linda, de longe se vê porque meu pai gostava tanto dela. E merecida a poesia que o meu velho escreveu pra ela. Fomos a um museu legal daqui. Lá fomos abordadas por um indivíduo que carregava um pacote de macarrão e um monte de loucuras. Nem pensamos e ja fomos tirando as moedinhas do bolso pra dar pra ele, claro, que com gente doida agente não discute! Em troca ele nos deu um cortador de unha. Objeto estranho pra se receber, deve estar infectado com a gripe suína, AIDS, tétano e sabe-se lá mais o que, mas vou levá-lo como evidência. Pretendo ensacá-lo, lacrar e guardar em uma pastinha bem segura. Longe de minhas delicadas mãos e da minha saúde. Pareço uma fresca falando. Pareço fria escrevendo, não que eu tenha nojo, mas estou tentando evitar futuras complicações. Até era simpático o caboclo que me presenteou, mas nunca se sabe! Pretendemos continuar nosso passeio na praia do laranjal. O lugar onde 7 anos atrás cavamos um buraco na areia. Minha sobrinha com 3 anos e eu com 11 ! Duas crianças. E quem podia imaginar que eu já era tia nessa época. Tia desnaturada, mas tia.

Mais um dia!

Me enganei, não era o dia do juízo final em fim, há chances de que ele se aproxima, mas hoje esta QUENTE aqui! Não que seja um calor significativo, mas 15º e um sol morno reconfortantes! Meus dedos estão gelados e só, e hoje estou vestida com uma calça jeans e uma blusa. Sem blusa de frio.
Mas não posso abusar do pouco vestuário, em breve um frio horroroso virá até a mim, ou será que eu estarei indo de encontro a ele? Enfim, a idéia de passar frio nem me assusta mais, ontem que eu disse que seria quente foi o pior dia! Congelei o dia todo. E o vento estava insuportável. Que mal humor me bateu, e eu sai andando e fui parar no unico lado da cidade que nao tinha um café! Pelotas pra mim é famosa por ter muitas cafeterias, e eu passei o dia congelada sem um café! Absurdo!. Hoje vou a um pub famoso aqui. O mais bonito, parece que a entrada até brilha, New York irish pub me aguarda. De noite tudo ficou lindo, visitei uma outra irmã ! e conheci minha sobrinha linda! AAaaa agora me dá orgulho de ser titia! Mas que saudade de Belo Horizonte me dá. Quero voltar logo pro meu calor ai! Obrigado a todos pela força, e pela paciência de acompanhar tudo por esse humilde blog!

terça-feira, 21 de julho de 2009

O dia do juízo final

O fim se aproxima eu tive vontade de gritar quando o vi o jornal da manhã.
Um ciclone intertropical atinge o rio grande do sul. A temperatura irá baixar, e os ventos podem chegar até 100km/h ... Acho que vou passar a manhã sentada nos trempe do fogão, quem sabe não me aquece? Já está ventando bastante por aqui. Ontem, me perguntaram a respeito da marginalidade de pelotas, se eu não estou assustada. Tive vontade de rir, é fato que o crack aqui se popularizou e que a violência cresceu significativamente, mas pelotas não possui nenhuma favela, a violência aqui continua sendo uma coisa medíocre comparada com o que temos em grandes centros urbanos. No mais, só não dar bobeira.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Asilo dos mendigos

Eu nunca imaginei que me sentiria tão em casa, e que eu fosse ser tão feliz aqui.
Esse tempo está me fazendo muito bem, estou dando um novo significado para os meus velhos conceitos; a palavra Família, faz muito mais sentido pra mim agora, e eu que pensava que estava de alguma forma condenada a solidão... Estou deixando pra trás essa idéia. Nunca vou estar sozinha enquanto tiver essas pessoas ao meu lado.
Hoje é o dia mais bonito nesse tempo que estou aqui. Finalmente abriu o sol, são 13º aconchegantes. Cada hora que passa parece melhorar tudo em minha vida. Estou tremendamente satisfeita. Não poderia pedir mais nada.
Ontem passeei o dia todo, acordei um pouco angustiada e tive vontade de andar até meus pés sangrarem. Achei uma praça legal e foi como a salvação, era o lugar mais agitado da cidade.
Não sei o que eu esperava pra um domingo, mas algo de bom tinha que ter!
E conheci muita gente legal pra variar, aqui, tem gente ruim? ha! acho dificil.
Ontem fui num asilo aqui também, não sei o que me deu, tive vontade de ir lá e ficar com pessoas de carne e osso notadamente. Queria mais calor humano, queria realidade, porque estar aqui pra mim ainda é muito surreal. E me senti muito confortável lá. Se meu irmão estivesse aqui seria perfeito!

domingo, 19 de julho de 2009

Tudo novo!

Sabe que agora o frio já não me assusta?
Pelotas é tão linda, esse frio dá um charme a mais!
E estou impressionada com a hospitalidade das pessoas aqui.
Todos são uns amores. É incrível. As pessoas são apaixonantes.
Sei que vou sentir muita falta daqui. E das pessoas.
Hoje conheci mais um de meus irmãos, como fiquei nervosa!
Não me entendi. E que irmao bonito esse meu, como é bonito.
Passo sempre em frente a igreja cabeluda, sabe que hoje em uma boa olhada, eu vi a vida em meio a morte? é algo positivo. Que felicidade me bateu!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Atacada por um pitbull bobão!

Tenho de ser breve aqui, pois há muito para se ver. Não me demorei em Porto Alegre, passei apenas um dia lá, e o frio do cão me fez fugir pra Pelotas onde eu ficaria quentinha com minhas irmãs; Antes de vir pra Pelotas, passei na casa de uma Tia esquecida minha. Em minha memória, não tinha muitas boas lembranças com ela, mas ao chegar em sua casa, tive a surpresa de ser bem recebida, ela me deu um abraço caloroso e caiu aos prantos, percebi que eu a lembrei da falta que meu pai faz a ela, e eu pude notar a solidão que anda ao redor dela. Ela parece estar condenada. Me entristeceu essa imagem, mas fiquei muito satisfeita com a visita, antes do fim da viagem pretendo voltar lá e passar um tempo com ela, ela já não escuta direito, e sua coordenação vacila. Seu corpo traído vencido pelos anos, não envelheceram sua mente, ela me recitou uma linda poesia...'chovia torrencialmente lá fora'...
O resto do dia, andei com o Lourenço por todo canto de Porto Alegre, baahh, mas que cidade essa. Uma tragédia estar sozinha lá. Porto Alegre é como estar em um sonho, e o clima frio só faz bem estando acompanhado. Como um amor me fez falta. Como o MEU amor me faz falta. Me sinto Amy Whinehouse naquelas epocas que ela pirava por causa de seu marido.
Queria milhares de fotos de tudo. Mas com a tecnologia limitada da maquina de filme, e uma fotografa desastrada não sei se vai dar certo. Oo' ja estraguei um filme de 24 hoje, e consegui tirar 6 fotos antes que isso acontecesse! Carai! Não tem um mapa aqui em Pelotas, diabos andei como uma louca atrás de um. Como posso eu pseudo geógrafa ficar sem um mapa aqui? Não é JUSTO! Quando cheguei aqui foi uma surpresa. Minhas irmãs foram me buscar na rodoviária, me surpreendi por reconhecê-las. Aqui no sul, só tragédias aconteceram nesse tempo em que estive ausente, foi uma alegria para elas finalmente me terem por aqui! Sou tia-avó! de uma guriazinha LINDA, risonha, dos ói verde. Estou apaixonada por minha família aqui, como pude ficar tanto tempo sem eles? Já os amo muito. E apesar de estar morrendo de saudade de quem ficou em BH, vai ser difícil deixá-los aqui também. Acabei de voltar da tal igreja cabeluda. Anda tudo morto por lá, não é vivo como o cartão postal que meu pai me mandou, isso me faz pensar que a realidade é bem diferente daquilo que vemos. Mas as fotos congelam o tempo. Guardam com elas o sentimento vivido, e eu consigo imaginar o que meu pai sentiu quando estava nessa igreja; Quanta saudade, quanta saudade! Hoje em meu primeiro dia em Pelotas, o que mais fez foi chover. O tempo ficou cinza o dia todo, mas não senti tanto frio assim. Estou muito confortável com a meia calça de lã que eu ganhei. Pensei eu na ética, usar lã não é legal, mas é uma questão de sobrevivência aqui, minha couraça humanóide não foi feita para suportar todo esse frio, dói respirar. Na casa da minha irmã, muito calor humano, muita hospitalidad, muito amor. E um pitt bull de quase 9 anos que sempre esteve presente em minha memória, um bobão de 1,5m que morre de medo de pistolinhas d'agua, todo tempo me obrigando a fazer carinho nele e trepando com minha perna, alias, comigo inteira quase, quando ele sobe em mim quase caio pra trás enorme criança! Eu tenho passado bons dias aqui no sul. Enfrentar todo o rigor desse inverno tem sido bom. Tem sido feliz. E estive pensando, á se não fosse toda essa ajuda que recebi para vir, quando é que eu poderia? Queria que tudo durasse eternamente. Mas queria toda minha família aqui. E meu namorado bobo também. Nada melhor que estar apaixonada e com frio, quando voltar vou tratar de casar logo, segurar o homem bom que eu arranjei. :)

terça-feira, 14 de julho de 2009

Primeira Parada: Porto Alegre.

Cheguei! Paisagens lindas do avião, um chão de nuvens, foi como estar dentro do google earth, aqui está frio. Lourenço não é um estuprador. Amanhã, máxima 16º, vou sofrer!
sem mais, não há tempo para escrever!

domingo, 12 de julho de 2009

Partir ei.

Pra realizar meu feito, tive e estou tendo ajuda de dezenas de pessoas, obtive até mais que o necessário posso dizer; acho que posso até trazer lembrancinhas. Sei que tenho uma dívida imensa com todas essas pessoas, elas estão me ajudando a construir essa história, realizar um sonho. Tenho obrigação de trazer bons frutos dessa jornada. Estou tentando ser corajosa agora, quero voltar bem. Mas é inevitável que eu vá chorar até não poder mais frente a esse túmulo. Me deixa louca pensar nisso. Espero que esse seja o modo de acalmar a alma, e concretizar os sentimentos. Quero voltar com pensamentos sólidos, deixar toda essa confusão mental largada em algum canto do cemitério. Ó, pareço tão triste neste relato; Quase sou mesmo uma pessoa triste, que se engana vivendo alguns bons momentos. E assim, quase me torno vazia também! Vazia, é provável que eu fantasie uma porção de sentimentos em mim. Amor para confortar, paixão para acabar com o tédio, amizade para não ter solidão, mas no fim, mesmo que sejam mesmo invenção, as pessoas a quem dedico toda minha insensatez são reais. E elas acabam por concretizar tudo que invento. Logo, através delas, eu posso amar de verdade, me apaixonar de verdade e ter amigos verdadeiros. Essas singularidades são tudo que importa. Mais um dia e partirei, sou muito grata por poder dizer isso.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Um panorama.

A cidade, com sua cor, seus cheiros, o trânsito louco, pessoas medíocres a soltas, pensamentos cruéis por todos os lugares, a poluição, a pressa, as obrigações, dinheiro, dinheiro, dinheiro. Ninguém percebe? Voltamos à idade das pedras, é tudo concreto, cimento e asfalto. Porque gostamos tanto de BH, eu não sei explicar, mas viver aqui mantém a sensação de realidade. Essa bagunça toda, todo esse caos, e tanta vida em meio a isso tudo. Todo esse mar de Pedras. A sujeira por todos os lados, a corrupção, a desonestidade, a irritação as pessoas, a pobreza. Não acho nada disso bom, nem bonito, mas e se tudo fosse perfeito, o que diferenciaria as pessoas?

Estou falando disso:

“Confúcio viajava com seus discípulos quando soube que, numa aldeia, vivia um menino muito inteligente. Confúcio foi até lá conversar com ele e, brincando, perguntou:
-Que tal se você me ajudasse a acabar com as desigualdades?
-“ Por que acabar com as desigualdades?”, disse o menino. “Se achatarmos as montanhas, os pássaros não terão mais abrigo. Se acabarmos com a profundidade dos rios e dos mares, todos os peixes morrerão. Se o chefe da aldeia tiver a mesma autoridade que o louco, ninguém se entenderá direito.”

Não somos tão iguais assim como as pessoas insistem em acreditar, e essas diferenças é que faz o ser humano algo belo. Além disso, todos os dias quando acordo penso em fazer algo para melhorar, melhorar a mim e ao mundo. Se tudo fosse tão ajustado, nos acomodaríamos, não teríamos pelo o que lutar. E sem luta, não há vitória. Poderia ser a vida motivo de glória, sem que fossêmos vitoriosos dia-a-dia devido ao esforço individual? Deixo meus pensamentos aqui como formar de reflexão, ninguém precisa concordar comigo.
Quanto à viagem, pouco a pouco, houve uma mobilização em massa pela minha causa. Ficarei bem, e soube disso desde o início. Agora é tudo mais concreto, a viagem foi marcada, e logo, no dia 14 estarei partindo; de encontro ao meu destino. Minha emoção é grande embora não esteja ansiosa. Tudo até aqui foi excitante, correr atrás da grana, mobilizar o pessoal, o apoio e o incentivo. Mas quando paro pra pensar no objetivo da viagem tudo se transforma, os dias bons que não param de existir ficam um pouco de lado, queria eu estar indo atoa, a passeio. Entretanto, os motivos que vão me fazer atravessar o país não são felizes. E eu estou amargando todo o sofrimento por trás dessa viagem. Pouco antes de falecer meu pai me escreveu uma carta de pelotas dizendo que iria mandar uma passagem para que nas férias eu e meu irmão pudéssemos ir visitá-lo, disse que passearíamos pela sombra das árvores ao longo do Balneário, disse que iríamos rezar na igreja ‘cabeluda’. Mas essas férias nunca chegaram, e agora eu estou indo passear sozinha pela sombra dessas árvores, e rezarei em silêncio por ele. Interessante ir rever os irmãos, interessante fugir daqui, descansar de tudo. Terei muito tempo para refletir. Mas que tempo esse, parece nunca findar, pois jamais parei de pensar. Mas todas essas outras coisas, os lugares bonitos perdem um pouco de sua cor, de que adianta ir aos lugares mais belos, mais distantes, sozinho? De que adianta se você não pode compartilhar com alguém com quem você se importa? Sinto-me sozinha agora. Queria muito que essas fossem as tais férias com meu pai. Sem arrependimentos. Espero deixar toda a amargura por lá, e voltar mais leve, e mais feliz. Acho que nunca fui tão sincera na vida, mas mentir aqui, não modifica em nada a realidade. E sem sentimento, esse relato nunca poderia ter vida, então decidi aqui, aceitar minha condição de humana, aqui estão expostas minhas feridas abertas. Ninguém poderia me ferir mais que isso. Amanhã ele faria 88 anos.

sábado, 4 de julho de 2009

Mais um pouco de história, como as coisas são.

Sobre meu pai de acordo com a certidão de óbito:

‘era divorciado de M., deixando os filhos: G., L. e A. (Pelotas-RS); e de união com R., deixa os filhos:G. e A.; e de outra união com G., deixa os filhos: S.,L.,e S.(Pirapora-MG); e ainda de outra união com W., deixa os filhos: B. e L.(Belo Horizonte-MG)’ Ou seja, eu tenho esse tanto de irmãos ai.

E pra quem prestou atenção, tenho irmãos no Rio Grande do Sul, além de uma tia em Porto Alegre, que há poucos dias descobri que já não escuta ou reconhece ninguém, mas depois que perdi meu pai, perdi também contato com todos lá no RS. E através desse texto maluco, e mal escrito, quero mostrar como as coisas acontecem. Já tem uns 3 anos que eu tento reaver este contato, penso nas ultimas coisas que meu pai desejava, e uma delas envolvia a união da família, meu pai se fadou a solidão, mas nunca esqueceu da importância da família, e é um valor que ele queria passar a todos os seus filhos. A todos, não sei se passou, mas eu carrego isso comigo. Meu pai como a pessoa de costumes antigos que era, tinha o hábito de anotar em cadernetas os telefones das pessoas conhecidas, e por acaso eu herdei essas cadernetas, e durante esses três anos eu tentei incessante ligar. Tentei todos os números, mas eram números antigos também, nem o ‘3’ na frente tinham. Só que, cerca de dois dias depois de eu ter decidido ir visitar o túmulo do meu pai, eu novamente, sem esperanças, peguei as tais cadernetas e tentei ligar para os números dali. E depois de três anos tentando, não tinha a mínima intenção de conseguir. Então, também não pensei o que dizer caso alguém atendesse. E dessa vez, por milagre, acaso, destino, ou seja lá o que, alguém atendeu. Era um tio meu, esquecido, escondido em algum lugar frio deste país. Um tio que não me conhecia. Vista a euforia que fiquei me embolei toda nas palavras e só sei que no final da ligação ele estava me cobrando evidências de que eu era filha do meu pai. Ah, nem ligo. Mas sem como provar, não provei, nunca mais falarei com ele, e os laços sanguíneos ficam por ai. Morri depois dessa ligação, o coração palpitando, as lágrimas de emoção escorrendo, reacendeu em mim a esperança de que mais alguém atendesse, em algum daqueles telefones. E logo na próxima ligação, consegui falar com minha irmã. L., me atendeu com muito calor, muita humanidade, se posso dizer muita saudade também, eu fiquei em êxtase ao escutar sua voz. Eu fiquei muito feliz, eu fiquei feliz com muita surpresa. Também não soube o que dizer, mas as coisas aconteceram naturalmente. E eu avisei a ela sobre minha intenção de ir visitar o túmulo do pai, logo ela me convidou para ficar na casa dela, me deu notícia dos outros e eu decidi mudar minha rota que era (Porto Alegre> Santa Vitória) para (Porto Alegre> Pelotas> Santa Vitória). Mas nããão acaba ai! Esse dia continuou sendo emocionante, digitei no telelistas o nome de meu irmão A., e achei. E liguei, e ele me reconheceu, e eu gostei da breve ligação, descobri que ele mora em Santa Vitória, e pra quem não tinha eira nem beira, eu consegui moradia em todos os pontos pelos quais terei de passar. Em Porto Alegre, um digníssimo amigo me concedeu moradia também. É isso as coisas acontecem. Restou pra mim resolver a questão prática, a pergunta que ficou: Como irei?

O início da história, uma breve introdução

Já faz quase cinco anos que minha vida mudou completamente. Foi quando amadureci, e ao mesmo tempo me desencontrei. Dia 14/09/2004, quando meu pai faleceu. Perdi meu melhor amigo, e a minha alma gêmea, as coisas ficaram mais difíceis sem ele, imagine tamanho amor que é possível sentir por alguém, e tamanha minha dor.

É extremamente difícil escrever sobre esse assunto, em minha mente as idéias não estão sequer claras. Mas enfim, esse foi o fim e o início de capítulos da minha vida, como disse serei breve. Agora só é necessário dizer que ele foi enterrado em Santa Vitória do Palmar-RS, Nem me lembro de tê-lo ouvido falando dessa cidade. Consta que eu nunca pude ir até lá, sei que não existe mais nada de corpo, mas ali é onde se findou a matéria. Os últimos resquícios em terra. E eu preciso ir lá. Simples necessidade humana de chorar frente a um túmulo.

Mas aí é que esta. Como ir? A falta de condição é tudo que limitava. Fiquei esses cinco anos aqui, presa, estagnada, sem ter nem coragem, nem como ir até esse bendito túmulo no fim do Brasil. Acontece que esses dias eu estive muito cansada, e eu cansei de esperar, me lembrei de velhos valores que eu havia perdido no meio de toda a intensidade da vida. Lembrei-me de tornar todos os dias, dias novos, em que pudesse se comemorar algo, vivenciar algo diferente, se apaixonar o tempo todo, amar insanamente. E cansei de esperar o dia em que eu tivesse condições, resolvi criá-las. Apelei para todo meu resquício de humildade e pedi ajuda para todas as pessoas que eu conheço, desde as mais distantes as mais próximas, sei que mexer com finanças é um assunto extremamente delicado e que eu enfrentaria o descaso de uma porção de pessoas que sempre se dispuseram a me ajudar e de repente também não viam como. Lembrando que antes de pedir ajuda devido à falta de estágios que me assolou eu resolvi vender bombons, e vendi bombons incessantemente, até o dia em que não teve mais e é essa a grana sólida que eu consegui. Mas insuficiente, infelizmente. Comecei uma vaquinha louca. Se 100 pessoas me doassem R$1,00 eu teria 100. E cem me ajudaria bastante. Mas as 100 pessoas não me ajudaram, conto em minhas duas mãos às pessoas que o fizeram, mas não interessa, pessoas lindas me deram o que era mais necessário, o incentivo. Dinheiro é coisa mundana, facilita, cria as condições, mas não é isso que eu respiro, nem é isso que faz meu coração bater. Eu disse a mim mesma que iria e pronto, simples, nua e crua e sem contato com ninguém, e sem dinheiro pra nada além da passagem. Simples, simples, simples, simples assim. Cansei de esperar, cansei de hesitar, cansei da sensação de segurança que a linearidade da vida te oferece.

E essa é a primeira parte do relato.

Em resumo, sem grana, sem carro, sem eira. Eu decidi ir.